Como em um jogo de xadrez, a disputa energética no mundo todo demanda muita atenção, articulação, estratégias e jogadas consistentes. Hoje, os grandes produtores de petróleo atuantes estão concentrados no Oriente Médio - responsáveis pela metade da produção mundial. O restante dos países têm, portanto, que importá-lo. E entre os maiores importadores de petróleo do globo estão grandes potências, como os Estados Unidos e Japão, assim como a China, países da Europa e Índia.
Dentro deste contexto geopolítico, uma vez que, como o próprio nome indica, envolve geografia e política, os países consumidores de petróleo, preocupados com o futuro, articulam alianças com os países produtores para garantir o abastecimento energético, visto que os recursos naturais do planeta não irão durar para sempre e a demanda por energia cresce a cada ano. Na Europa, assim como na Ásia, a estimativa é um crescimento de 57% até 2030.
Os Estados Unidos já se sentem ameaçados, mesmo tendo se beneficiado das recentes e abundantes reservas de gás de xisto, que os levou a liderança mundial, visto que a Rússia está em uma posição privilegiada quando o assunto é fontes de energia devido ao seu vasto território e uma enorme reserva de petróleo e gás natural, mas que parece insuficiente, vide o olho grande na vizinha Ucrânia. Tudo isso pode fazer com que os laços entre países da Europa e Ásia com a Rússia se estreitem, causando aos norte-americanos um imenso problema. Isso porque a grande potência mundial vê essa proximidade como um meio da Rússia explorar a questão energética e estabilizar suas relações com os países da Eurásia, principalmente da Europa- Ocidental, que foram abaladas desde a sua independência no pós Guerra Fria.
Sendo assim, fica fácil observar que a Rússia quer, sem sombras de dúvidas, ser mais do que exportadora de energia para a Europa e Ásia. Ela quer também participar de outros mercados no plano político global, enfraquecendo, consequentemente, o poderio dos Estados Unidos na Eurásia. E isso pode ser alcançado, uma vez que o nível de dependência da Europa em relação à Rússia no campo da energia é inaceitavelmente alto. Portanto, o maior temor dos E.U.A. é em algum momento, entre na balança a estabilidade do fornecimento de energia versus o alinhamento com as políticas chaves da maior potência mundial.
Mesmo com a intenção de recomeçar uma amizade com a Rússia no início do seu mandato, Barak Obama percebeu muitas ações e diferenças estruturais, as quais ficam mais evidentes quando se toca no tema energia. Além disso, A Rússia se mantém avessa a desenvolver laços energéticos com seu antigo, porém nem tanto, rival. Pelo contrário, tenta exclui-lo de todas as formas dos mercados de energia da Ásia Central e do Cáspio.
Com esse breve esboço, podemos ver claramente que o gigante mesmo ao se encolher pós Guerra Fria ainda consegue exercer muita influência quando necessário. Por isso, percebe-se claramente um posicionamento dos Estados Unidos ao observar e manipular com bastante acuidade as peças do tabuleiro e articular uma boa forma para dar seus próximos passos com cautela, para se manter como principal potência do mundo.
Como já amplamente divulgado e comentado pelos especialistas do setor, se faz imperativo uma revisão do atual modelo energético nacional.
Como mencionado no inicio, trata-se de uma estratégia para manter a hegemonia econômica no contexto das nações mundiais em um ambiente cada vez mais complexo, ora agravado pelas disputas milenares entre facções amparadas em bandeiras de autonomia de raças e religião cada vez mais fundamentalistas.
Ao se debruçar um olhar mais atento a este cenário que se apresenta, de certa forma, distante de nossa realidade geográfica é importante constatar que a nossa matriz energética é extremamente dependente dos recursos hidrográficos, mas altamente dependente da sazonalidade das chuvas, com melhor custo x benefício de exploração, mas mesmo assim muito cara, onerando os custos de produção e atingindo de forma contundente a nossa competitividade nacional.
Além de ter a sua expansão altamente comprometida pela inviabilidade de superar as dificuldades impostas pela atual estrutura legal, ambiental e regulatória.
As iniciativas governamentais de desenvolver fontes de energias alternativas são tímidas, desconectadas e carentes de políticas publicas que instrumentalizem ações que assegurem a transversalidade das atuações dos órgãos responsáveis nas várias instâncias de suas competências num modelo tremendamente engessado por uma burocracia complexa sufocada pelo medo e pela leniência.
Como já amplamente divulgado por especialistas do setor, se faz imperativo uma revisão e reposicionamento das políticas e metas do governo para este fundamental e crítico setor, sob pena de sofrermos mais um apagão energético mesmo contando com importantes recursos naturais e sem precisar desencadear guerras com nossos países vizinhos. Por enquanto!
Com a palavra, o eleitor !