Antes de falarmos sobre inteligência e contrainteligência é essencial definir os conceitos de cada uma neste artigo. Aqui, ambas se referem à atividades desempenhadas em determinada organização ou momento. A inteligência aqui, será tratada como a produção de informações, definições de estratégias e análises para se atingir um fim. Como contrainteligência é conveniente definir a forma que se encontra de proteger a inteligência de inimigos, oponentes, ou simplesmente que caia em mãos erradas.
O sigilo com relação a alguns tipos de informação não existe por acaso. Um jornalista, por exemplo, deve atuar com responsabilidade, porque a informação que tem em mãos e a forma como a torna pública pode trazer consequências imprevisivelmente negativas para a população. Uma empresa precisa proteger suas informações (talentos, ideias, descobertas e estratégias competitivas) para sair à frente da concorrência. Se as suas informações são disseminadas, a dita empresa perde a sua vantagem e abre brecha para que os seus concorrentes tirem proveito de uma informação que, a princípio, era somente sua.
Em períodos de guerra ou instabilidade internacional, o investimento em inteligência e contrainteligência é enorme. Primeiro porque é impossível entrar em um conflito sem estratégias claramente definidas e, em segundo, o vazamento de informações referentes a essas estratégias pode dar a vitória de bandeja ao inimigo. Embora o mundo desfrute atualmente de um período de paz relativa (sem a ocorrência de conflitos de proporção mundial), batalhas continuam sendo travadas diariamente, seja por empresas dentro do ambiente instável do mercado como também por governos, diplomatas, negociadores, corretores e vários outros atores.
O comportamento contido de lobistas experientes existe por um motivo: quem mais ouve do que fala tem mais tempo para observar a situação de um ângulo racional, colhendo mais informações para fazer análises inteligentes e traçar estratégias de negociação que proporcionam mais chances de sucesso. A avaliação correta da situação atual é fundamental para que o lobista se situe a respeito de qual será a melhor linha argumentativa a tomar e, tão logo a defina, é preciso protegê-la, ou de nada valerá.
O uso da contrainteligência para um lobista ou negociador é saber proteger todos os trunfos, oportunidades e informações que o ajudam a ser mais persuasivo, dispor de mais credibilidade e poder de barganha. No caso de consolidar alianças, é imprescindível escolher aliados nos quais se possa confiar para proteger informações e estratégias, se valendo da contrainteligência.
A contrainteligência também abrange a habilidade de identificar o vazamento de informações. Em empresas, isso se aplica a colaboradores que lidam com conteúdo sigiloso ou mesmo que deixam, sem perceber, vazar informações importantes para concorrentes disfarçados de clientes ou parceiros de negócios. Independente da presença ou não de má-fé, cabe ao gestor ou chefe, estancar esse vazamento. Em muitos casos isso representa o desligamento de funcionários. Em outros, apenas mudanças na gestão e nos processos para que informações sigilosas sejam protegidas, com controle e registro de acesso.
No lobby ou em negociações, as alianças abrem risco para vazamento de informações, mas não são a única forma de que isso aconteça. O próprio negociador, se descuidado, pode deixar escapar a sua estratégia para opositores mais experientes ou mais atentos. Assim, é preciso concluir que parte do treinamento de um negociador inclui conhecer e aplicar a contrainteligência na sua fala, nos seus gestos e até mesmo nas suas intenções, passo a passo na negociação.