Porque ¼ das startups não sobrevive um ano


Apesar de difundida em grande parte do mercado internacional e brasileiro, muitos investidores e empresários ainda têm dificuldade em entender o que de fato significa uma startup, afinal elas vicejam em empresas de áreas, modelos de negócios, produtos e serviços muito diversos.

 

A confusão acontece porque muitos acreditam que a estrutura enxuta é o fator que define uma startup, mas não é só isso. Uma startup tem a sua estratégia voltada para o rápido crescimento a fim de se ganhar mercados vislumbrando alcançar lucros relevantes, isso por meio de um modelo de negócio pautado no que é repetível e escalável.

 

Ou seja, vender um mesmo produto ilimitadamente sem ter que fabricá-lo cada vez que o item se esgota. Um exemplo clássico é o DVD, assim que acaba as cópias disponíveis é preciso fabricar mais, porém com um serviço de pay-per-view, podemos distribuir um filme repetidas vezes sem que isso afete a disponibilidade do produto. É por isso que softwares, apps e empresas de tecnologia em geral são um terreno fértil para este modelo de negócio tão crescente no país e no mundo.

 

Tudo isso, aos olhos de pessoas empreendedoras e criativas que têm em mãos um produto ou serviço inovador, faz parecer ser simples criar uma empresa, porém um estudo realizado pela Fundação Dom Cabral e divulgado recentemente mostrou que uma em cada quatro startups brasileiras não sobrevive ao primeiro ano no mercado.

 

Os fundadores de startups esbarram em dificuldades logo no início na busca por sócios.  A falta de qualificação profissional - tema que já abordamos por aqui - é um dos maiores problemas. Para fazer com que um novo modelo de negócios funcione é necessário dispor de talentos em equilíbrio, pois não basta ter uma grande ideia se não tem alguém para executá-la. Entretanto, a pesquisa afirma que a grande quantidade de sócios pode ser um fator determinante para o fracasso da empresa, pois os interesses pessoais e profissionais dos envolvidos podem ser divergentes, o que causa conflitos e problemas de relacionamento.

 

O segundo ponto está relacionado com a capacidade que uma startup tem de se adaptar às mudanças do mercado. Para ver o seu negócio prosperar é preciso ser mais ágil, mais produtivo e, quando necessário, mais flexível também. Se o seu produto ou serviço é desconhecido, a atenção deve ser redobrada. A experimentação, avaliação e validação do negócio junto aos clientes deve ser constante. Startups são modelos totalmente diferentes, não há dúvidas. Quando não inovam o tradicional, criam algo completamente novo. Por isso, o medo de se reinventar continuamente pode ser a causa mortis de um empreendimento promissor.

 

Por fim, um elemento crucial: o capital disponível. Para quem precisa se financiar com capital de terceiros, um primeiro desafio é romper com os paradigmas do modelo atual de financiamento, baseado em garantias reais, e um segundo é ter aprovado um plano de negócios com premissas pouco familiares aos agentes financeiros e que não ofereçam a previsibilidade por eles esperada. Um dado curioso é que os empreendedores com capital de giro para suportar de dois meses a um ano, antes de ir para o mercado, tem 3,2 vezes mais chances de falir do que aqueles que têm capital apenas para um mês. A explicação apresentada pela Dom Cabral é que aquelas empresas que investem grande quantidade de recursos antes de começar a faturar são mais propicias ao insucesso.

 

Para quem tem cacife e quer investir em um modelo de negócio inovador, saiba que existe um padrão entre as startups que têm obtido sucesso e as que não têm, portanto faça seu benchmarking e se inspire nos vencedores modelos para aumentar as chances de seu projeto dar certo. Mas, atenção este é um passo recomendado para àqueles investidores que tem espírito inovador, vocação para riscos e inquietude empreendedora. Alea jacta est !