Um dos assuntos mais comentados e polêmicos da última semana envolveu o prefeito da maior metrópole brasileira, que anunciou em pleno período de campanha eleitoral, a sua intenção de construir 400 quilômetros de ciclovias na cidade de São Paulo até 2016. O intuito é incentivar o uso de bicicletas como meio de transporte e desafogar o caótico trânsito da capital.
O gasto médio do paulistano no trânsito ultrapassa 2 horas e 30 minutos por dia. Além disso, temos também um aumento de 10% no número de pessoas com automóveis com relação ao ano passado – de 52% para 62%. Esse aumento, devido em grande parte a uma política do governo federal de reduzir os impostos dos veículos automotores leves e mais populares, além de subsidiar os combustíveis, é observado não apenas na capital, mas em todo o Brasil.
Mas essa questão vai além do proposto pelo prefeito paulistano. Alcançar melhorias significativas para a mobilidade urbana requer a priorização dos meios de transporte coletivos e a revisão de diversas questões relacionadas à infraestrutura.
Obviamente não é um desafio muito simples. Entre tantos problemas, de forma geral é preciso articular e planejar projetos, políticas públicas e medidas realmente eficazes, pensando não apenas em questões imediatistas, mas olhando para frente, principalmente para o crescimento acelerado que acomete todo o Brasil, a fim de proporcionar mais qualidade de vida para todos. Mas para alcançar tais objetivo é imperativo que se aplique modernos processos administrativos desde o planejamento, projeto, implantação aferição e de gestão, observando atentamente a atuação harmônica e conjunta do ente governo por meio de uma atenta observação da transversalidade das ações entre as vária s instâncias decisórias envolvidas.
O primeiro passo para resolver esse grande dilema é pegar como referência as ações que deram certo em diversas cidades mundo a fora. Caso de Nova York que adotou as faixas exclusivas sem reduzir a quantidade das outras.
Curitiba, por exemplo, foi considerada recentemente a melhor capital do país em mobilidade urbana. Tal reconhecimento está relacionado ao planejamento urbano desenvolvido na capital do Paraná somado à qualidade do transporte público. Curitiba carrega ainda o título de pioneirismo da implantação do modelo BRT (Bus Rapid Transit, ou em português, Transporte Rápido por Ônibus) com corredores exclusivos para ônibus e integração dos transportes. Uma rede que funciona de fato, considerada referência internacional.
Ao olhar para as soluções adotadas pelas grandes metrópoles americanas, asiáticas e europeias para sanar o problema da mobilidade, encontramos também práticas que podem ser adotadas aqui, como o pedágio urbano, cujos recursos são realmente destinados à melhoria do transporte público e outros benefícios para a população.
A cidade de Uberlândia cresce a passos largos e os problemas das grandes metrópoles e capitais já são percebidos pela população. Algumas medidas foram tomadas, como os corredores de ônibus com faixa exclusiva de ônibus das Avenidas João Naves de Ávila, João Pinheiro e Monsenhor Eduardo ou as ciclovia nas Avenida Rondon Pacheco, Rui de Castro Santos (liga a BR 050 ao Aeroporto) e a Alameda Arnolde de A. Castro de acesso ao Camaru. por exemplo. Mas os congestionamentos aumentam a cada ano, por isso muito deve ser feito para desenvolvermos uma estrutura viária e uma rede de transporte público totalmente capaz de atender a demanda não só agora, mas daqui a alguns anos também.
Lembrando que a mobilidade urbana está intimamente ligada ao desenvolvimento econômico e social de uma cidade e acima de tudo do bem estar de cada um de seus habitantes. Há que se ter consciência que por se tratar de questão multidisciplinar requer investimentos também na educação das pessoas para melhor entender e recepcionar as mudanças com profundos impactos comportamentais de convivência em sociedade. Deve, portanto, deixar de ser mera promessa de palanque político para realmente ser considerada como prioridade.