Está comprovado que a melhor forma de aprendizado é pelo exemplo. Exemplos podem ser diretos, testemunhais ou por meio de metáforas e parábolas, as prediletas do “maior comunicador de todos os tempos”, Jesus Cristo.
Vivemos um clima de Copa do Mundo, que tem um significado muito especial para nós brasileiros. Afinal como dizia o saudoso Nelson Rodrigues com seus aforismos desaforados, “a Pátria está de chuteiras”. O clima atual é bem diferente daquele quando ocorreu a última Copa aqui no Brasil. Reinava uma euforia total, como não havia TV, a comunicação era predominantemente pelo rádio. A campanha do “escrete canarinho” era irretocável, um a um os adversários iam sendo massacrados com goleadas.
Chegou o grande dia, a final no monumental estádio do Maracanã. O adversário Uruguai vinha de uma campanha dura, penosa e precisava da vitória para ser bicampeão. O Brasil, que nunca tinha ganhado um mundial só precisava de um empate, as regras eram diferentes, por pontos corridos. Mais de duzentos mil torcedores foram ao estádio assistir ao primeiro título nacional. Os preparativos para o coroamento de um sonho, diferentemente de hoje, estavam perfeitos, concluídos! Sob as arquibancadas repousavam algumas toneladas de materiais festivos e centenas de barris de chope para a grande festa após o fim do jogo.
Os Uruguaios ao entrar em campo sentiram o peso da pressão da torcida e “amarelaram”. Alguns dirigentes tinham voltado para casa com medo de um vexame. O Brasil abriu o placar no inicio do segundo tempo. Diante do delírio da torcida ensurdecedora o capitão da esquadra oriental Obdulio Varela, pôs a bola embaixo do braço, rumou para o meio de campo, chamou o time e disse: “Muchachos, los de afuera son de palo. Que se empiece la función”. (Pessoal, os de fora não jogam. Que comecem os trabalhos). O resto da historia é sabido!
Veio o gol de empate. A torcida silenciou... a garra uruguaia superou o medo... e a seleção canarinho desabou, mesmo tendo ainda a taça garantida. O adversário veio para cima com carga total e virou o jogo nos últimos minutos.
A volta olímpica dos campeões celestes cunhou o que passou a ser chamado de maracanazo, símbolo de um fracasso inesperado diante um adversário que tinha tudo para sair derrotado. Enfim, um azarão.
A mensagem que fica é que quantas vezes, na nossa vida profissional após ter planejado minuciosamente nossos projetos a antecipação do sucesso, faz com que levado pelo emocional tire a concentração do foco principal, descuidemos do cenário e subestimemos os concorrentes por menos relevantes que nos pareçam. Nunca esquecer que o jogo se ganha ou se perde, dentro do campo. Nem antes, nem depois.
A Copa do mundo acontece a cada quatro anos. Na vida empresarial nem sempre temos a chance de competir novamente e superar um fracasso por menos provável que tenha sido.
A seleção brasileira de futebol, duas copas depois, sagrou-se campeã pela primeira vez e na casa do adversário, repetindo mais quatro vezes, superando o trauma, demonstrando assim, ter aprendido a dura lição. Assim se espera... como no mundo dos negócios, basta um maracanazo!