Lixo como fonte de energia


Já falamos por aqui a respeito da insuficiência da matriz energética que preocupa todos os setores da economia brasileira e a população. A energia eólica e biomassa são duas alternativas viáveis para atender as demandas em época de estiagem e desafogar as hidrelétricas.

 

No entanto, ainda é preciso muito planejamento e políticas públicas para colocá-las em prática. Outra solução já adotada por grandes potências, como Japão, Estados Unidos, China e o bloco europeu é o uso do lixo para gerar energia limpa.

 

Pensar na prática de reaproveitamento do lixo e usá-lo como alternativa de fonte de energia renovável é importante não só para poupar a matriz energética fundamentada em fontes hídricas e atender a crescente demanda por energia elétrica do Brasil - país em fase de desenvolvimento e crescimento - mas também para resolver um problema constante em todas as sociedades urbanas atuais: a produção desenfreada de resíduos sólidos e seu descarte inadequado, que são graves problemas socioambientais.

 

De acordo com a pesquisa Nacional de Saneamento Básico (PNSB), realizada pelo IBGE em 2008, metade dos 5.565 municípios do Brasil destinam seus resíduos sólidos para lixões em céu aberto. Dados do Ministério do Meio Ambiente revelam que a geração diária de lixo no Brasil é de quase 183 mil toneladas e o biogás acumulado nos 56 maiores aterros do país seria capaz de produzir 311MW/h, o suficiente para abastecer, por exemplo, a cidade do Rio de Janeiro, com 5,6 milhões de pessoas.

 

Na Noruega – eleita em 2009 como o melhor país para se viver, segundo a ONU – o lixo para ser queimado acabou e a maior cidade do país, Oslo, e muitas outras cidades da Europa setentrional, importam lixo do norte da Inglaterra a fim de gerar energia e calor.

 

Outra iniciativa nórdica é a coleta seletiva do lixo, na qual as famílias separam o lixo orgânico que produz o biogás responsável por abastecer alguns ônibus da cidade. Mais do que uma solução sustentável de reaproveitamento dos resíduos, a preocupação é também a de reduzir o uso de outras fontes de energia, como os combustíveis fósseis e a água.

 

Além de todos os benefícios, como a sustentabilidade e o controle do descarte de resíduos, a utilização do biogás como combustível para geração de energia elétrica evita que o gás metano, oriundo de matéria orgânica descartada – como restos de comida, de animais e vegetais – seja emitido na atmosfera.

 

No Brasil, existem estudos acerca do potencial de geração de energia a partir de resíduos de saneamento (lixo, esgoto), como o realizado pela ARCADIS Tetraplan, o qual aponta a necessidade de explorar tal potencial energético. O estudo se pauta na Política Pública Nacional de Resíduos Sólidos e tem como objetivo aprimorar a matriz energética do país.

 

Mas o caminho é longo. Há muito que se trilhar para transformar o biogás como alternativa viável de fonte de energia.

 

Vamos aguardar.