Destino de compra online do brasileiro


É notório o aumento no volume de compras em lojas virtuais no Brasil.


Segundo o eBit, empresa especializada em informações sobre o setor.  O comércio eletrônico brasileiro teve de R$ 35,8 bilhões em 2014, um crescimento nominal de 24% na comparação com o ano anterior. Esse número é muito maior do que há quatro anos, quando em 2010 se angariou cerca de R$ 14,8 bilhões nessa modalidade de venda no país, mostrando um crescimento constante e exponencial do varejo na internet.

O que chama a atenção agora é a maior procura dos brasileiros por lojas online estrangeiras, desprivilegiando as nacionais. De acordo com uma pesquisa global sobre o comportamento de e-consumidores feita pela gigante americana Pitney Bowes, o Brasil está entre os países que mais compram internacionalmente na Internet, ocupando hoje o mesmo patamar que Índia, Rússia e Alemanha.

O que mais atrai 89% dos brasileiros participantes da pesquisa para os e-commerces estrangeiros são justamente os preços oferecidos lá fora, bem mais atraentes do que os encontrados aqui. Para 58% dos nossos compatriotas o maior impedimento para realizar essas transações é a demora na entrega do produto. Cerca de 90% das nossas compras online internacionais vem atualmente dos EUA, seguido pela China com 55% e Japão com 51%.

Roupas, calçados e acessórios são alguns dos produtos mais procurados pelos brasileiros nessa modalidade de compra.  Mas para 56% dos compradores tupiniquins, como era de se esperar, os eletrônicos são os maiores atrativos.

Esse cenário é bastante preocupante para o Brasil, que há algum tempo vê a balança de importação mais pesada para o seu lado. De acordo com o Banco Central, em outubro, tivemos um déficit na balança comercial de R$ 1,2 bilhão, número 400% maior do que o registrado no mesmo período do ano passado. Os valores gastos em viagens recuaram 7,5% nesse trimestre, mas com as compras constantes em e-commerces estrangeiros vai ser difícil equilibrar essas contas tão cedo.

O governo federal fechou 2015 pela primeira vez nestes últimos 13 anos, com déficit na balança comercial que foi de R$ 3,9 bilhões.

Outra perda que não se pode ignorar é sofrida pelos produtores nacionais, muitas vezes incapazes de competir com a invasão de produtos estrangeiros em valores incrivelmente baixos.

Mais uma vez voltamos ao assunto competitividade. Até quando presenciaremos nossas indústrias fecharem suas portas prejudicadas pela importação em massa, vindas da China ou de qualquer parte do mundo? Por outro lado, as lojas virtuais nos enviam mais um alerta. A facilidade e o notável crescimento de compras internacionais mostra que precisamos investir na competitividade de nossos produtos. Com a cenário em que vivemos corremos o risco de vermos as nossas indústrias perderem cada vez mais espaço, dentre outros fatores, pela excessiva burocracia e carga tributária, falta de mão-de-obra técnica bem qualificada e péssima infraestrutura nacional.

Urge que sejam tomadas medidas estruturais efetivas pela nova equipe de governo, que devem ir além do equilíbrio das contas públicas, visando mudar o atual modelo produtivo com foco na simplificação das regras de funcionamento das empresas e inovação tecnológica por meio da implantação de uma política industrial ampla, profunda e consistente amparada num processo educacional moderno e eficiente, que leve em conta a realidade de uma economia globalizada num ambiente que transcende os conceitos clássicos de tempo e espaço. Só assim poderemos ter alguma chance de sair da inacreditável 57ª. posição no ranking de Competitividade do Foro Econômico Mundial e ocupar uma  posição que melhor condiz com a 7ª economia do planeta.

O comércio online cada vez mais eficiente e atrativo é uma realidade irreversível. Para 2015, a previsão é de um crescimento nominal de 20%, atingindo faturamento estimado de R$ 43 bilhões. Se levarmos em conta os indicativos pessimistas do futuro da economia brasileira, podemos dizer que a compra online apresenta uma perspectiva encorajadora como se fosse um pedaço de céu azul no meio de uma grande turbulência econômica.