Responsabilidade intergeracional: o que as gerações podem ensinar umas às outras


 

A forma como agimos no nosso ambiente físico vai interferir nas futuras gerações. Constantemente observamos os graves problemas de ordem natural e econômica que afetam o nosso planeta, de forma que a cabe à nossa geração, usar o meio ambiente de uma maneira sustentável para que problemas maiores não venham afetar o futuro.

 

Edith Brown Weiss conceitua a responsabilidade intergeracional da seguinte forma: “Cada geração humana recebe da anterior o meio ambiente natural e cultural com o direito de usufruto e o dever de conservá-lo nas mesmas condições para a geração seguinte”.

 

Atualmente vivemos em um mundo que já nos dá alguns sinais de alerta: escassez de água, trombas d’água, enchentes, apagões elétricos, aumento da poluição, aquecimento global e outras significativas alterações climáticas. Tudo isso é fruto do comportamento de seguidas gerações ao longo do tempo.

 

Mas o conceito responsabilidade intergeracional vai mais longe e não deve ser pensado somente do ponto de vista ambiental, mas também do ponto de vista cultural. Devemos passar para as gerações vindouras a nossa cultura como povo, como comunidade para que ela não venha a se perder ao longo das gerações. Não estamos falando de algo inédito, haja vista que este é o comportamento tribal das gerações de nossos antepassados desde os primórdios da existência humana.

 

Sabemos que cada geração tem um tipo de perfil, influenciado pelo ambiente físico, social e econômico. A geração Y (nascidos após os anos 80) vivenciou o surgimento e desenvolvimento da era tecnológica e assim, ficou conhecida por ser uma geração de pessoas que gostam de inovação, inquietas e focadas em seus projetos pessoais, na sua carreira profissional. A grande vantagem dessa geração é que ela é mais preocupada com a preservação do meio ambiente e essa característica foi passada para a geração Z.

 

Já a geração Z (nascidos na década de 90) é composta por pessoas de uma época na qual a tecnologia está em crescente explosão, sua maneira de pensar foi influenciada muito cedo pelo universo complexo e veloz da tecnologia.

 

Com base nessa influência tecnológica essa geração passa a ter um conceito de mundo e sociedade bem diferente dos seus pais. Para eles o planeta é algo pequeno, pois tudo está a um clique do mouse; já nasceram em um mundo sem fronteiras, no qual a globalização não foi um valor adquirido ao longo da vida por um custo elevado, como nas gerações anteriores.

 

O comportamento social dessa geração Z é bem diferenciado, ela vive mais em um mundo virtual do que real e isso pode influenciar a sociedade e o relacionamento interpessoal. Podemos dizer que esses jovens conseguem adquirir uma íntima relação com a tecnologia, mas quando se trata de relação humana, existem certas carências, eles podem ter dificuldades em habilidades interpessoais e nem sempre dão muita importância aos valores familiares, o que é ruim, pois pode gerar consequências negativas para a sociedade futura.

 

No entanto mantém seus anseios sociais e buscam uma sociedade mais justa, com menos violência e corrupção e uma condição mais sustentável. A grande vantagem dessa geração é que eles trazem traços de comportamento das gerações anteriores, aliado a uma forte responsabilidade social e preocupação com o meio ambiente e a sustentabilidade do planeta.

 

O debate ganhou força recentemente e demonstra as mudanças tanto positivas quanto negativas das gerações. Se por um lado as gerações estão mais preocupadas com o meio ambiente, por outro estão perdendo os valores familiares. Mesmo com a globalização a todo vapor e a comunicação muito mais fácil, há um novo desafio pela frente:

 

Preservar o planeta como modo de sobrevivência e resgatar os valores familiares como garantia de uma cultura sólida, a exemplo dos povos indígenas, cujo bastião é a sua contínua transferência de uma geração para outra por meio de uma viagem atemporal rumo ao infinito da existência humana.