Next-to-next: os ciclos de vida da tecnologia e inovação


A disputa pela liderança de mercado é inerente à capacidade de inovar dos players de qualquer indústria. Muito embora as palavras inovação e tecnologia sejam constantemente associadas à modernidade da atual tecnologia (computadores e smartphones, por exemplo), ambas se entrelaçam ao longo da história da economia mundial.

                A inovação é entendida como tudo que se pode associar, num contexto histórico, como novidade. Portanto, tendo como atributo maior, o ineditismo. Já a tecnologia é o conjunto de ferramentas, técnicas e científicas que objetivam a melhoria constante da indústria, das relações sociais, do comércio entre outros. Elas estão estritamente ligadas, pois a inovação é necessária para que a tecnologia se efetive. E esta por sua vez é uma das forças motrizes da primeira.

                A característica mais marcante da inovação é o seu desenvolvimento em ciclos. Ela é composta de quatro fases bem definidas, que representam esta sua característica, que são: a fase experimental, a fase disruptiva, a fase combinatória e a fase incremental. Atrelados ao processo inovador identificam-se os vários perfis dos agentes envolvidos - players.

                A fase experimental é entendida como a fase na qual há muita experimentação, inovações pautadas em tecnologias existentes no mercado, que subsidiam a criação de novas empresas (as startups). Os principais players consumidores e financiadores nessa fase são os denominados innovators, geralmente são bastante abastados e curiosos, propícios ao consumo de algo totalmente novo. Portanto, por se restringir a um nicho pequeno essa fase inicial demanda baixo investimento e oferece chances de grande potencial de retorno.

                Em seguida a fase imediatamente posterior à fase experimental é chamada de disruptiva. Essa fase é considerada o ponto de crescimento dos experimentos da fase anterior, porém, logicamente, voltada àqueles que demonstraram ter um alto potencial de desenvolvimento. Nessa fase vê-se a presença constante dos early adopter, indivíduos com alto poder aquisitivo, jovens e com sede de ganhos elevados e tecnologia de ponta.

                Logo após a fase disruptiva tem-se a fase combinatória, que como o próprio nome sugere é composto de combinações de boas ideias, filtradas na fase anterior, visando alcançar o maior resultado possível. É uma fase extremamente agitada, na qual o mercado está demandando muito o produto ou serviço inovador. Os principais consumidores dessa etapa são os denominados late majority, indivíduos mais conservadores que os anteriores, mas que possuem interesse nos “melhores” produtos já amplamente aceitos no mercado. São indivíduos que não possuem renda tão elevada e baixa formação de opinião.

                As duas últimas fases possuem impactos positivos para a indústria, pois o crescimento da aceitação da inovação tecnologia propicia altos ganhos aos players consolidados no mercado.

                Por último, a fase incremental é caracterizada pela estabilidade da indústria, uma vez que as empresas que se consolidaram oferecem tranquilidade aos seus investidores. Não há nesta fase disputa crescente pela liderança do mercado, pois os lideres se formaram no conjunto das últimas fases. Os consumidores aqui são os laggards, muito conservadores, com pouca renda e de idade mais avançada. A indústria se apresenta estável com tendência ao declínio.

                Devido à possibilidade de queda, as lideres do setor buscam adquirir novas empresas relacionadas à sua área, visando incrementar o seu portfólio. O mercado se apresenta mais maduro e estável, numa espécie de transição da fase combinatória para a incremental. Empresas como Google e Facebook, já consolidadas e com forte estratégia corporativa, buscam o crescimento a partir da aquisição de outras empresas.

                Nesse momento, percebemos que o ciclo de volta para a fase de experimentação, porém em um processo mais evolutivo. As startups continuam com grande espaço para criar e inovar, mas a base tecnológica deixada por gerações e projetos anteriores exige maior desempenho. Os investidores também ficam cada vez mais seletivos e analisam com detalhes cada centavo em um capital de risco.

                E assim caminha uma grande geração de inovadores. Em passos largos, ocupando o espaço daqueles que não ousam recriar o seu tempo e inventar o futuro.