Economia brasileira: baixas expectativas para 2015


Já no segundo mês do ano, o cenário de crescimento da economia brasileira apresenta-se apático e os analistas esperam (na melhor das hipóteses) a estabilidade. Segundo o Relatório de Mercado Focus, do último dia 2 de fevereiro, o Banco Central estimou que o crescimento produtivo brasileiro fosse de 0,03%, sendo que há aproximadamente um mês era esperado 0,5% para o ano de 2015.

Com relação à inflação, a expectativa é de que não se alcance a meta de 4,5% proposta pelo governo para o ano de 2015. Este fato se dá devido ao crescimento mediano do Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), de 6,56% do início do ano para 7,01% atual.

Com relação à produção industrial, as previsões também não são nada favoráveis ao crescimento do PIB. O Banco Central no começo do ano apresentou a premissa de crescimento de 1,04%, mas a realidade atual conseguiu os módicos 0,5%. É evidente que numa economia múltipla e complexa como a brasileira sempre teremos vários setores com importantes vetores de crescimento. Bem aventurados sejam!

A fatia principal impactada pelos preços crescentes é a população. Segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), os principais segmentos e produtos que tiveram aumentos, de dezembro de 2014 até o momento foram alimentos e bebidas (1,45%), carnes (3,24%), batata-inglesa (32,86%) e o feijão carioca (24,25%).

Ainda segundo o IBGE, os gastos relacionados à habitação que mais se elevaram foram aluguéis residenciais (1,26%), mão de obra para pequenos reparos (0,95%), condomínio (0,81%) e taxa de água e esgoto (0,77%).

Com relação ao setor produtivo e com base na pesquisa realizada pelo Conselho Nacional da Indústria (CNI), no mês de dezembro de 2014, apesar do cenário de recessão da economia, 69% das empresas pretendiam investir em 2015.  Deve-se esperar para ver se essa pretensão realmente  será convertida em investimento real. Cada um de nós tem que atuar em seu segmento para fazer com que isso de fato aconteça.

O IBGE, através da Pesquisa Mensal de Empregos (PME), apresenta a menor média de pessoas empregadas dos últimos 12 anos, o que pode demonstrar uma diminuição das contratações. Alguns setores, tais como petróleo, outrora considerados promissores para seguir carreira, estão realizando demissões em massa devido ao efeito dominó decorrente do cenário crítico atual deste setor.

Em resposta a esta possível crise, o atual governo tomou medidas para recuperar o crescimento do país. No intuito de aumentar a arrecadação em aproximadamente 20 bilhões de reais, a presidente Dilma Rousseff afirmou ser necessário um ajuste fiscal das contas. Algumas medidas adotadas foram aumento de tributos existentes, tais como, PIS/Confins, IOF e IPI e a reinvenção de outros como a CIDE. Mais uma vez, o contribuinte é responsabilizado pela má administração do país.

No outro lado da conta, o das despesas, o contribuinte é posto contra a parede, a tabela de imposto de renda para pessoas físicas, aqueles que pagam a conta, ficou na mesma, além dos anúncios de cortes e ajustes penalizando setores estratégicos para a economia. O montante anunciado por Dilma, por meio de decreto, já no começo de janeiro, foi de R$ 1,9 bilhão por mês alocado aos ministérios em percentuais de: 7% para Ciência e Tecnologia, 6,4% para Fazenda, 7,6% Desenvolvimento Social, 7,9% Cidades, 8,5% Defesa, 31,9% Educação e os demais 30,7% em outros.

Em outras palavras, o que já era pouco, ficou insignificante. Entramos em uma sinuca de bico. Para crescer, precisamos de competitividade perante o mercado externo. E para ter competitividade são necessários investimentos bem mais  arrojados.

O FMI já deu o alerta. Na economia internacional, o Brasil decresce em passos largos de outubro para cá. Se antes a previsão era de que o país cresceria 1,4% em 2015, hoje os mais otimistas falam em 0,3%.

Como podemos ver alguns fatores críticos para essa queda foram os baixos investimentos que o Brasil tem feito em infraestrutura, agora agravados pelas crises hídrica e energética com os anúncios de drásticos aumentos de tarifas de energia elétrica, queda de confiança de empresários e consumidores, redução do preço das commodities, conforme aponta a diretora-gerente do FMI, Christine Lagarde. Todos esses fatores influenciam negativamente o Brasil, pois desestimulam o consumo, investimento e exportações dos produtos nacionais.

Anunciar grandes feitos e investir em campanhas publicitárias, por si só, de nada adianta. Não muda a realidade dos fatos. Matemática é ciência exata, sem delongas e quando o assunto é economia, torna-se imprescindível equilibrar os custos, definir estratégias de crescimento e investir com precisão. Do contrário, a conta não fecha e quem paga no final é você e eu que produzimos e recolhemos impostos para sustentar as benesses “marqueteiramente” distribuídas pelo governo para a outra metade da população sem adotar políticas públicas efetivas para a sua inclusão como cidadão pleno.

Cenários desfavoráveis só podem ser mudados por ações fortes, assertivas consistentes e tempestivas, pois como disse Eurípedes “O tempo não se ocupa em realizar as nossas esperanças: faz o seu trabalho e voa”.