Se nos primórdios da civilização os gregos deram a cartas convertendo inclusive os seus invasores, os poderosos europeus romanos, quem diria que hoje, mais de dois mil anos depois, esse pequeno país do sudeste europeu iria ter um papel tão importante para as poderosas potencias econômicas mundiais. Senão, vejamos esta nota que foi lida do noticiário econômico ocidental:
"É importante para a Europa e para a economia mundial encontrar um acordo sobre o financiamento da Grécia“, alertou um funcionário do Departamento do Tesouro americano, consultado pela AFP, que pediu para não ser identificado.
"Se as negociações fracassarem, a Grécia sentirá os efeitos econômicos imediatamente, e a zona do euro conhecerá uma “renovada incerteza”, assim como a economia, em seu conjunto", completou.
Não por outra razão é que alguns dias depois, tal acordo foi anunciado com grande destaque.
Tal preocupação do governo americano ocorre porque sete anos após a crise financeira iniciada nos Estados Unidos, alguns países ainda sofrem as consequências deixadas pela inesquecível catástrofe econômica. Altos índices de desemprego e níveis baixos de crescimento são as principais consequências sofridas pela maioria dos países. Na Europa, mais precisamente na zona do Euro, não é diferente.
O crescimento de potências europeias, tais como Alemanha, Itália e França beiram a zero e seus níveis de desemprego ainda são preocupantes. Esta situação não decorre apenas da crise econômica em 2008, mas também da maneira como os governantes destes países reagiram perante a derrocada financeira.
Recentemente, o famoso banco americano Goldman Sachs apresentou uma pesquisa sobre a saúde financeira das empresas europeias. Richard Tuff, pesquisador chefe do Goldman, afirma que a situação de dúvida pela qual as empresas europeias têm passado são reflexos das políticas governamentais adotadas.
As políticas de austeridade fiscal e baixo estímulo às corporações, propostas de uma forma geral pelos governos, deixaram as empresas céticas quanto à decisão de investimento, inovação e crescimento. Somado a isso, a expansão do mercado asiático (especialmente a China) e a recuperação do dólar nos EUA trouxeram mais incertezas e inseguranças aos investidores.
Tudo isso faz com que a União Europeia perca participação no mercado internacional, principalmente em setores tracionais de alto desempenho, como a indústria de ponta (ex: manufatura e farmacêutica) e inovação. Contudo, Tuff afirma que a Europa possui segmentos a serem explorados com grandes vantagens comparativas, como turismo, marcas de luxo e educação.
Governantes de países como Alemanha (principal potencia da UE) têm adotado políticas de austeridade para combater a crise. Porém, tais medidas, criticadas por muitos, têm gerado efeitos reversos nesses países ou mesmo a piora da situação econômica.
A sugestão de analistas econômicos é que tais governos adotem políticas monetárias expansionistas, ou seja, injetar moedas no mercado, aumentar a liquidez e estimular o consumo. Essas medidas tendem a favorecer o crescimento dos países e a recuperação da crise.
Os governantes dos principais países do bloco acompanham atônitos batalhando para que a situação se resolva. Mas para isso acontecer será preciso que as rédeas da economia sejam conduzidas com cautela e firmeza, pois caso contrário veremos sequelas tão expressivas como a estagnação do euro, deflação e desemprego, e vai ser difícil manter a imponência hegemônica da União Europeia na economia do continente.
Tal cenário vislumbra que a União Europeia está na berlinda. Segundo a revista The Economist, a situação de continuidade do bloco político e econômico, após longo processo de recessão no período pós-crise está em cheque. Se tais previsões ocorrerem em curto prazo, a sua dissolução pode representar grande instabilidade no mercado financeiro internacional.
Se há cinco séculos antes de Cristo, o corredor Fidípides, levou a mensagem que Atenas enviou a Esparta avisando da invasão dos persas, permitindo assim a vitória grega na Batalha de Maratona, agora espera-se que a história se repita e que o espírito grego seja mais uma vez o arauto de tempos positivos para a economia europeia, que afinal reflete fortemente no ambiente globalizado em que vivemos influenciando na vida de todos nós.