Brasil, China e o paradigma industrial


Aparentemente, quando se fala do aspecto econômico da indústria, ficamos para trás. O Brasil, apesar do tamanho e do potencial industrial, desde fevereiro, perde para a China no valor médio do salário do trabalhador dessa área.

 

Nossa economia já dava sinais de alertas há muito tempo. A crise que se fala muito agora estava despontando e, uma vez instalada, gera complicações claras. O setor industrial no nosso país é forte, porém agora começa a se mostrar desgastado.

 

Assim como a China, outros países vivem em condições econômicas diferentes, portanto, caso o setor industrial cresça, os salários podem superar os nossos. Deve-se pensar que, apesar dos salários chineses terem nos superado (assim como superaram outros países latino-americanos, como por exemplo o México), devemos contextualizá-los.

 

Com o envelhecimento da população chinesa e cenário industrial favorável, a tendência é as empresas se beneficiarem deste fato, se instalando no país, levando mão de obra estrangeira e, assim, uma queda no número de empregos na nação.

 

O Brasil tem como uma das principais partes da economia a agropecuária e a exportação de commodities, porém nossa indústria também é forte. Incentivos industriais acontecem, porém não de maneira adequada para o trabalhador, apenas para o empresariado.

 

Em consequência, temos desemprego e baixos salários. Todas as economias mundiais estão ligadas de alguma maneira, mas o contexto interno é quem dita como ela é absorvida e qual a consequência gerada por isso.

 

Dessa maneira, na última década, a hora de trabalho do trabalhador industrial chinês triplicou, enquanto a nossa caiu 10 centavos de dólar. Analisando de maneira rápida, pode parecer pouco, mas em comparativo com o preço mensal total do passado, a queda é significativa.

 

Outra informação importante que devemos ponderar é o fato de que a China vem tendo sucesso ao melhorar o índice de qualidade de vida nos últimos anos. Salários maiores são uma consequência disso.

 

A sabedoria popular já alertou: “esqueça a jabuticaba”. Jabuticaba é uma fruta que só existe no Brasil, sem contato com outras nações, totalmente isolada. Quando analisamos a economia de qualquer país, não vemos tratar o contexto como uma jabuticaba, ou seja: nossa economia está ligada a outras e as forças que as regulam geram consequências na nação. Como o setor industrial brasileiro e chinês vão reagir ao novo paradigma é apenas uma mensuração, mas que deve ser feita se não quisermos estar desprevenidos ao mercado.