Em pesquisa realizada pela CEB – Corporate Executive Board – e publicada na Forbes em 2014 revelou que cerca de 33% do orçamento global do mercado de TI foi direcionado para oportunidades de negócios com foco na inovação. Tais investimentos geralmente estão vinculados à busca por melhorias nos processos internos com o intuito de se alcançar mais com menos: menor tempo e poucos funcionários rumo à maior produtividade e competitividade.
Enquanto o mercado global, principalmente nos Estados Unidos e Alemanha, volta todas as suas estratégias para a inovação a fim de alcançar melhores resultados diante de grandes companhias e mercados cada vez mais competitivos, no Brasil, infelizmente, a tendência não é exatamente a mesma. Tudo porque a crise, perspectivas sombrias, a decorrente instabilidade que assolam a nossa economia e o atual governo não são ambientes propícios para aqueles que desejam investir em campos inexplorados. Enfim, em tempos turbulentos a prudência, e até mesmo o espírito de sobrevivência, não incentivam trocar o certo pelo duvidoso.
No último encontro do Brics, que aconteceu em julho do ano passado em Fortaleza, foram apresentados dados a respeito do investimento em tecnologia e inovação no Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul ressaltando a importância de se compartilhar experiências de sucesso entre eles. Os presidentes dos países que compõem o Brics se comprometeram a trabalhar em prol de desenvolvimento de projetos nas áreas de inovação tecnológica, o chamado Brics Multilateral Cooperation Agreement on Innovation. Com validade de cinco anos, propõe o financiamento ou co-financiamento em projetos inovadores e de tecnologia emergente aliado ao intercâmbio de conhecimentos e experiências.
O acordo do Brics é um passo, mas sozinho não é capaz de grandes feitos no Brasil, onde os investimentos em inovação não ultrapassam 1,2% do PIB nacional. Na medida em que o Brasil se aproxima da Índia e Rússia em pontos positivos como nação emergente, no quesito investimento no campo da inovação, tecnologia e ciências as diferenças passam a ser colossais. Esses países parceiros do Brasil no Brics, assim como qualquer outra nação emergente do mundo, já têm plena consciência de que só conseguirão chegar ao patamar de grandes potências, como Japão, E.U. A e Europa se aumentar a competitividade no mercado mundial por meio de medidas consistentes para o avanço e desenvolvimento tecnológico.
Nunca se falou tanto em inovação como neste inicio de ano. Recursos existem em várias formas, algumas delas já conhecidas como o Programa de Investimento Direto em Empresas Inovadoras da FINEP, que é suportado por um fundo chamado FIP INOVA EMPRESA que possui recursos disponíveis de R$500 milhões.
No campo das startups, além das fontes tradicionais, como os investidores anjos, tem surgido alternativas inovadoras, como o projeto de Lei da Prefeitura de Palhoça em Santa Catarina, que por intermédio de um fundo especial permite aos cidadãos investir parte do benefício relativo ao ISS declarado na Nota Fiscal em empresas startups. É a democratização de captação de funding com incentivo público.
O BNDES, por sua vez, anuncia alocação de recursos para inovar a indústria automobilística, que seguindo a sua política informa ter nela aplicado 25% do total desembolsado para inovação no acumulado 2008/2013.
Iniciativas importantes, porém ainda tímidas se quisermos entrar para valer no clube das feras inovadoras.
Para que este quadro se altere por aqui, a solução é aguardarmos ansiosos pela estabilização da economia brasileira e melhores definições acerca das políticas de incentivo à inovação. Políticas essas mais consistentes e que consigam realmente atender as demandas do mercado com o intuito de impulsionar a competitividade e produtividade no Brasil. A Lei do Bem, de 2012, é um passo, pois promove a isenção fiscal para empresas que investem em inovações tecnológicas. Mas clamamos por mais!
Mais transparência e menos burocracia e obstáculos para avançarmos com mais competitividade rumo ao mercado global.